Anticoncepcionais podem atrapalhar o desejo sexual? Especialistas explicam

Reprodução/GZH

A relação entre a pílula anticoncepcional e o desejo sexual é há muito tempo motivo de discussão. Enquanto a pílula é creditada por ter desencadeado uma revolução sexual, para algumas pessoas, o coquetel de hormônios que previne a gravidez pode ter o efeito contrário, diminuindo a libido.

Andrew Goldstein, ginecologista e ex-presidente da Sociedade Internacional para o Estudo da Saúde Sexual da Mulher, destaca que, para uma minoria de mulheres, as pílulas anticoncepcionais orais podem causar disfunções sexuais significativas. Estudos anteriores indicam que 15% das mulheres estudadas experimentaram uma diminuição da libido enquanto estavam sob o efeito da pílula hormonal combinada, que contém estrogênio e progesterona.

A principal conexão encontrada pelos pesquisadores é a redução nos níveis circulantes de testosterona das usuárias, considerada crucial para o desejo sexual. No entanto, essa diminuição da libido não é mencionada nas bulas das pílulas, e muitos médicos não estão cientes desse possível efeito colateral.

Lauren Streicher, professora clínica de obstetrícia e ginecologia na Northwestern University, destaca que a perda do desejo sexual pode se manifestar de diferentes maneiras e em diferentes prazos para cada mulher. Além da diminuição do desejo, a pílula também pode estar associada à redução da lubrificação, tornando o sexo doloroso.

Um estudo de 2016, que distribuiu aleatoriamente a pílula anticoncepcional ou um placebo a 340 mulheres, revelou que, embora a pílula não tenha afetado a função sexual geral, ela teve um impacto negativo no desejo, excitação e prazer.

A pílula anticoncepcional combinada reduz os níveis de testosterona de duas maneiras: suprimindo a produção e aumentando a produção de uma proteína que inativa a testosterona. Esse declínio na testosterona livre é considerado uma causa potencial da diminuição da libido, além de afetar a lubrificação e, em casos mais graves, causar vestibulodinia.

Embora os efeitos sejam reversíveis para algumas mulheres ao interromper o uso da pílula, as respostas individuais variam. A exploração de opções de controle de natalidade alternativas, especialmente não hormonais, é frequentemente sugerida. Cremes de testosterona e estrogênio também podem ser opções para mulheres com vestibulodinia.

Em última análise, entender quem é mais sensível aos efeitos colaterais da pílula permanece desafiador, pois a função sexual pode ser influenciada por diversos fatores, como estresse e dinâmica do relacionamento. No entanto, para aquelas que enfrentam impactos negativos, soluções estão ao alcance, oferecendo a possibilidade de melhorar a qualidade de vida sexual.

Com informações do Estadão e The New York Times.

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