A maioria dos casos deste ano, 2.538, foram registrados entre os residentes do Amazonas. Rondônia (574), Acre (108), Pará (29) e Roraima (18) também relataram casos. Fora da região Norte, Bahia (31), Mato Grosso (11), São Paulo (7) e Rio de Janeiro (6) tiveram o maior número de registros da doença.
Segundo informações do Notícias ao Minuto Brasil, o MS atribui o aumento no número de casos à descentralização do diagnóstico laboratorial para detecção do vírus nos estados da região amazônica, onde a febre é considerada endêmica.
No entanto, a situação é mais complexa. Embora a Amazônia tenha uma maior disponibilidade de exames, existem outras regiões do Brasil sem a possibilidade de detecção, sugerindo que o número real de casos de febre oropouche pode ser muito maior do que o registrado.
Outro fator que contribui para a subnotificação é a semelhança dos sintomas da oropouche com a dengue. Ambas são arboviroses, doenças virais transmitidas principalmente por artrópodes, como mosquitos e carrapatos, e costumam causar dor de cabeça, nos músculos e articulações, além de náusea e diarreia.
A febre oropouche é uma doença causada pelo vírus oropouche. Transmitido aos seres humanos principalmente pela picada do Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora, esse vírus foi detectado no Brasil na década de 1960 a partir de amostra de sangue de um bicho-preguiça capturado durante a construção da rodovia Belém-Brasília.
A transmissão ocorre quando um mosquito pica primeiro uma pessoa ou animal infectado e, em seguida, pica uma pessoa saudável, passando a doença para ela. Existem dois tipos de ciclos de transmissão da doença: o ciclo silvestre e o ciclo urbano.
Além da diferença entre os mosquitos vetores, que, no caso da dengue, é o Aedes aegypti, as doenças se diferenciam pela evolução do quadro clínico. Uma característica específica da oropouche é a apresentação de ciclo bifásico. Geralmente, a pessoa tem febre e dores por alguns dias e eles desaparecem em seguida. Após uma semana, o quadro da doença retorna, até sumir novamente.
Vale ressaltar também que, diferente da dengue, ainda não há imunizantes específicos para a febre oropouche.
De acordo com a infectologista do Hospital Albert Einstein, os idosos e as crianças são os principais grupos de risco da febre oropouche.
Atualmente, apenas um exame faz a identificação da doença: o RT-PCR desenvolvido pela Fiocruz Amazonas. A coleta é por meio do sangue e o exame fica disponível nos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacens).
“Geralmente, por causa da pouca disponibilidade de exames, eles ficam restritos às pessoas com sintomas típicos da fase aguda da doença ou que testaram negativo para dengue ou chicungunya. Além disso, quando o paciente não é da Amazônia, mas teve passagem pela região, a atenção é redobrada”, afirmou Emy.
De acordo com a especialista, ainda não há um medicamento específico para tratar a febre oropouche. Por isso, o tratamento é de suporte. Ou seja, costumam ser administradas medicações para dor, náuseas e febre, além da indicação de hidratação e repouso.
Outra diferença em relação à dengue é que a febre oropouche não possui contraindicação de medicamentos. Então, a administração de anti-inflamatórios é liberada. Mas, para isso, é essencial que exista uma diferenciação do quadro clínico, já que a administração de certos medicamentos durante a dengue pode agravar a situação do paciente, ocasionando inclusive quadros hemorrágicos.
De acordo com o Ministério da Saúde, as formas de prevenção incluem:
- Evitar áreas onde há muitos mosquitos, se possível;
- Usar roupas que cubram a maior parte do corpo e aplique repelente nas áreas expostas da pele, especialmente nas regiões com maior número de casos;
- Manter a casa limpa, removendo possíveis criadouros de mosquitos, como água parada e folhas acumuladas;
- Se houver casos confirmados na sua região, é recomendado seguir as orientações das autoridades de saúde local para reduzir o risco de transmissão, como medidas específicas de controle de mosquitos.