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O presidente da Argentina, Javier Milei, questionou nesta sexta-feira (28) a necessidade de pedir desculpas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por tê-lo chamado de “corrupto” e “comunista” durante a campanha eleitoral.
“Qual é o problema de chamá-lo de corrupto? Ele não foi preso por isso? E chamá-lo de comunista? Ele não é comunista? Desde quando é necessário pedir desculpas por dizer a verdade? Ou estamos tão doentes de correção política que não se pode dizer nada contra a esquerda, mesmo quando é verdade?”, indagou Milei em entrevista ao canal La Nación +.
Milei descreveu a exigência de desculpas como “uma discussão tão pequena, parece discussão de pré-adolescentes” e afirmou que suas declarações são verdadeiras. “É preciso se colocar acima dessas insignificâncias porque são mais importantes os interesses dos argentinos e dos brasileiros do que o ego inflado de algum esquerdinha [‘zurdito’, em espanhol]”, disse.
Nesta semana, em entrevista ao UOL, Lula afirmou que não conversou com o presidente argentino porque ele falou “muita bobagem” e que esperava desculpas de Milei para ele e para o Brasil.
Quando o jornalista afirmou que as motivações não eram as mesmas, citando um ministro de Sánchez que insinuou que Milei usou drogas durante a campanha, Milei rebateu, dizendo que Lula “fez coisas parecidas (…) se metendo ativamente na nossa campanha eleitoral”.
Esta é a primeira vez que Milei responde ao pedido de desculpas de Lula. Anteriormente, o porta-voz da Casa Rosada, Manuel Adorni, havia dito que Milei não fez nada do que deveria se arrepender.
Em abril, Milei enviou uma carta informal por meio da chanceler Diana Mondino, que se encontrou com Vieira em Brasília, propondo um encontro bilateral devido à importância das relações econômicas entre os países. A CNN apurou que Lula nunca respondeu à carta e, por isso, a Argentina não solicitou uma reunião bilateral na Cúpula do Mercosul, que acontecerá em 8 de julho, em Assunção. Esta será a primeira vez que ambos se encontrarão para discutir questões do bloco comercial.
Os dois presidentes chegaram a se cruzar na cúpula do G7, na Itália, mas apenas se cumprimentaram e não houve nenhuma conversa bilateral, segundo a presidência argentina.
A CNN pediu um posicionamento ao Palácio do Planalto sobre as declarações de Milei e aguarda resposta.