Sistemas comprados pelo Ministério da Justiça incluem fuzil capaz de neutralizar drones a uma distância de até 3 quilômetros
Petrônio VianaPaulo Cappelli-Metrópoles
Os C-UAS, sigla em inglês para Counter Uncrewed Aerial Systems, usam receptores de sinais para rastrear o drone e identificar sua posição e a de seu operador no solo. Os fuzis Jammer são capazes de interceptar as ondas de rádio em um raio de 3 quilômetros e interromper a comunicação entre o dispositivo e seu operador.
Dessa forma, o policial que porta o fuzil poderá escolher entre desativar o drone no ar ou assumir seu comando, fazendo com que ele pouse em local específico para ser capturado e ter seu conteúdo apreendido. Com a aquisição, o Ministério da Justiça e a Polícia Federal buscam interromper o fluxo de drogas, armas, celulares e dinheiro que facções enviam para criminosos que cumprem pena em unidades prisionais.
Sob reserva, agentes penitenciários de três estados relataram à coluna que os drones são, hoje, um dos principais meios usados pelo PCC para tentar fazer com que esses materiais cheguem às mãos dos detentos.
Os fuzis que neutralizam drones serão comprados pelo Ministério da Justiça a pedido da Coordenação Geral de Administração da Polícia Federal. A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) do Estado de São Paulo e a Superintendência da PF na Bahia também participam da compra.
Atualmente, há faccionados do PCC tanto em presídios federais, como Marcola, líder máximo da facção, quanto em cadeias geridas por governos estaduais.
Como mostrou a coluna, a Polícia Federal e a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo impuseram um prejuízo financeiro recorde ao narcotráfico nos últimos dois anos. Subordinada ao Ministério da Justiça, a PF é comandada por Andrei Rodrigues; já a segurança paulista é chefiada pelo secretário Guilherme Derrite.
O preço de cada fuzil
A aquisição do Ministério da Justiça será dividida em três lotes. O primeiro e o segundo lotes se referem aos receptores fixos e móveis e foram reunidos no Grupo 1 da licitação, no sentido de promover a padronização dos sistemas, viabilizar a capacitação dos operadores e facilitar a gestão do contrato. O Grupo 2 é formado apenas pelo terceiro lote, com os fuzis Jammer, no sentido de ampliar a competitividade das empresas participantes.
O custo de cada receptor incluído nos itens 1 e 2 foi calculado em R$ 3,6 milhões. Desse modo, o item 1 foi orçado em R$ 25,2 milhões e o item 2, em R$ 36 milhões. Os receptores devem ter 6 canais em wide, fm-wide band low vhf e alimentação por bateria recarregável
A vigência do contrato com a empresa vencedora da licitação é de 5 anos e não pode ser prorrogada.