Os suspeitos eram responsáveis por um esquema de venda de medicação controlada por baixo do balcão, em especial Zolpidem
Ainda de acordo com a polícia, a mãe da moradora do Lago Norte registrou ocorrência apontando que sua filha precisou ser internada em São Paulo por vício em Zolpidem. No quarto da jovem, foram encontrados cerca de 180 caixas do medicamento, e os familiares não sabiam o que fazer com aquela quantidade de medicação controlada.
Com as informações, os policiais passaram a monitorar a farmácia do Cruzeiro responsável pela venda do medicamento sem receita. E, logo em seguida, conseguiu interceptar uma das entregas.
Os criminosos foram indiciados por tráfico de drogas, que é considerado hediondo e cuja pena varia de 5 a 15 anos.
O uso abusivo do Zolpidem, medicamento utilizado para o tratamento da insônia, alcançou status de “epidemia” no Brasil, motivando alertas dos médicos e até uma decisão recente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que alterou os tipos de receita e as regras para prescrição e venda em farmácias.
O Zolpidem possui alta capacidade viciante e pode produzir convulsões caso repentinamente cessada sua ingestão. Ele também pode causar apagões de memórias, induzindo as pessoas a fazerem coisas que depois não se lembram. Esse efeito hipnótico é usado também pelos criminosos para dar o chamado “golpe do boa-noite, cinderela”.
Parte do estopim do uso abusivo do Zolpidem, segundo uma parcela da comunidade médica nacional, foi a flexibilidade no acesso. Até o fim da década de 1990, a droga integrava a lista de “remédios tarja preta” do Ministério da Saúde. Para conseguir comprá-la, os pacientes deveriam apresentar na farmácia uma receita azul, mais difícil de se conseguir.
De acordo com a PCDF, a própria Anvisa percebeu o crescimento exponencial do uso abusivo e, a partir de agosto de 2024, voltou a cobrar o receituário azul (B). Todavia, por falta de fiscalização administrativa, farmácias estão fazendo compras em grandes quantidades nos laboratórios e revendendo no mercado paralelo.
“Depois da operação, recebemos informações sobre diversas outras farmácias que estariam fazendo o mesmo. Iremos mapeá-las e prender todos que busquem o lucro pelo incentivo ao vício alheio. Venda de medicação controlada sem a retenção de receita obrigatória se equivale ao tráfico de drogas, sendo uma conduta gravíssima”, completou Sallum.