A proposta apresentada pela deputada federal Erika Hilton (PSOL/SP), que visa reduzir a jornada semanal de trabalho de 44 para 36 horas, mudando os atuais 6 dias de trabalho e 1 dia de folga, para 4 dias trabalhados e 3 de descanso, tem despertado discussões acaloradas em todo o país
Para entender mais sobre o tema, nossa equipe convidou o conhecido e respeitado Professor José Bento de Arruda, para uma REFLEXÃO.
Veja o texto.
A contemporaneidade trouxe grandes transformações na vida humana, em especial na relação do homem com o mundo do trabalho.
Com a globalização, o avanço das novas tecnologias e principalmente com a crise vivenciada pelo capitalismo, as empresas passam por grandes restruturações e junto com os novos conceitos e métodos emergidos, para atender uma produção indiscriminada para atender a impetuosidade do lucro acima de tudo. As consequências são catastróficas, pois apesar da flexibilidade, da forma de organização do chamado trabalho formal, com a diminuição de distâncias.
Hoje, um trabalhador necessariamente não precisa estar presente no espaço físico das empresas, ele pode desenvolver suas atribuições em outros espaços, não podemos negar que estas mudanças trouxeram novas perspectivas à classe trabalhadora.
Mas nem tudo são flores, em contrapartida, a jornada de trabalho ficou mais exaustiva, a competividade impulsiona o trabalhador a cargas horárias desumanas, a consequência é o adoecimento precoce da maioria. O aparecimento de doenças precoces e muitas delas conhecidas como contemporâneas, entre elas a Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento.
O trabalhador brasileiro viu ao longo dos anos várias reformas que emergiram na contramão dos seus anseios, as grandes vilãs são: reforma trabalhista e da previdência.
A primeira praticamente deixou as entidades de classes enfraquecidas, desta forma o trabalhador perdeu poder de negociação com os patrões.
A segunda decreta o fim do sonho do trabalhador se aposentar com dignidade, ao aumentar a idade mínima de mulheres e homens, respectivamente 62 e 65 anos, entre muitos outros pontos negativos que afetam um dos fundamentos basilares da república: A dignidade da pessoa humana, estabelecido como princípio essencial na Constituição Federal.
Para contrapor as constantes degradações das relações homem x trabalho, surge em alguns países um levante da classe trabalhadora pela redução da jornada de trabalho, ressalta-se que este movimento ainda não ganhou consistência. Mas se fortalece como alternativas ao adoecimento precoce da classe trabalhadora.
Deputada Federal Erika Hilton (PSOL/SP)
A proposta apresentada é a jornada de trabalho 4×3, na contramão da jornada 6×1, usada atualmente na maioria dos países.
Na 6×1, a jornada de trabalho estabelece seis dias de laboro e um dia de folga, na 4×3, são quatro dias de laboro e três de folga.
Esta experiência já vem sendo desenvolvida em alguns países, entre eles: Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Alemanha, Suécia, África do Sul, Holanda, Chile, Índia, Itália, Noruega, Bélgica e Suécia.
No Brasil aproximadamente vinte e duas empresas participam do projeto piloto, e segundo justificativa do projeto da deputada federal Erika Hilton, autora da proposta, observa-se a diminuição significativa do número de faltas e aumento significativo da produtividade.
O importante é que saímos do estado de letargia, que por anos permeia a sociedade. É essencial colocar a proposta em pauta e promover um amplo debate com as partes envolvidas, ou seja, a classe trabalhadora e os empregadores.
Não vejo outro caminho para diminuir as mazelas impostas com as novas relações de trabalho, oriundas com neoliberalismo devastador que contaminou o mundo.
PROFESSOR JOSÉ BENTO DE ARRUDA – Natural de Corumbá (MS), é formado em Educação Física, mas se notabilizou em Três Lagoas em cargos de gestão na área da educação, seja como presidente do Sinted (Sindicato dos Trabalhadores em educação) ou Secretário Municipal de Educação e, principalmente em escolas, com destaque na direção da Escola Estadual Bom Jesus, onde deixou um legado positivo para toda a comunidade. É conhecedor como poucos da realidade brasileira e se destaca em movimentos sociais. Atualmente está no cargo de Presidente do Conselho Municipal dos Direitos do Negro de Três Lagoas.
Professor José Bento é nome sempre lembrado para comandar a gestão da pasta da educação, seja a nível municipal ou estadual.