Ex-Rota, Mello Araújo condena ações, mas as classifica como atos isolados; sobre a prefeitura de SP, diz que Bolsonaro não indicará cargos
Embora condene a atitude do agente, Mello afirma que esse e outros casos recentes envolvendo violência policial são motivados por um sentimento de que a justiça não é feita.
“Não existe discussão, está errado. Mas precisamos entender por que está acontecendo isso. Estou falando de forma geral. Esse policial é da sociedade. Por que a sociedade está resolvendo os problemas da forma que entende que é certo, e não seguindo a lei? Hoje você prende uma pessoa e sabe que ela vai ser solta. Quando começa a acontecer isso, as pessoas não acreditam mais na Justiça”, afirma, defendendo um endurecimento da Lei de Execuções Penais.
Apesar da avaliação, o vice eleito classifica as ações como atos isolados. “Temos milhares de atendimentos todos os dias. Aí surgiu uma sequência (de abusos) e a imprensa fica com o olho mais aguçado”, disse.
Na última quinta-feira (5/12), o governador Tarcísio de Freitas admitiu, pela primeira vez, que há uma crise na Polícia Militar. Ele afirmou que é preciso ter “humildade” e reconhecer que “alguma coisa não está funcionando”. Segundo o governador, há falta de treinamento. Mello Araújo diz concordar com o governador.
Indicado à vice da chapa de Nunes pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Mello vai assumir a Secretaria Executiva de Projetos Estratégicos da prefeitura. Vinculada à Secretaria de Governo, a pasta é responsável pelos programas do município voltados à Cracolândia, mas o vice diz que vai atuar em diversas áreas da gestão.
De acordo com ele, Nunes lhe ofereceu secretarias como a de Transportes, Segurança Urbana e Esportes, mas optou por uma função mais ampla. “O Ricardo me deixou bem à vontade e falei que queria ajudar no que for. Se você pega uma secretaria específica, segurança, o que for, seu foco vai ser aquilo. E eu gostaria de estar em todas [as áreas]. Acho que consigo ajudar ele mais nisso”, diz.
Por ora, ele afirma precisar apenas de dois assessores, seguranças e algum responsável por suas redes sociais. “Posteriormente vou vendo as demandas. Não trabalho com esse lado de amizade. Trabalho com quem tem condições de executar o que preciso”, afirma. Bolsonaro
Próximo de Bolsonaro, Mello diz que mantém conversas constantes com o ex-presidente. Ele garante que o padrinho não indicará nomes para compor cargos na nova gestão Ricardo Nunes. “Ele não é uma pessoa de ficar pedindo nada. Na Ceagesp nunca me pediu nenhum cargo”.
Sobre a falta de engajamento de Bolsonaro na campanha de Nunes, o aliado diz que o ex-presidente atuou como um “camisa 10 no banco de reservas” – que, se precisar, “entra em campo”.
Ele cita o episódio quando, a seu pedido, Bolsonaro gravou uma live de apoio a Ricardo Nunes às vésperas do primeiro turno. Naquele momento da campanha, Pablo Marçal (PRTB) ameaçava a vaga do emedebista no segundo turno. “Entendemos que era uma coisa que poderia somar e que, naquele momento, seria importante. Acho que foi na medida certa”, relembra.
O ex-Rota defende o ex-presidente do indiciamento da Polícia Federal (PF) que acusa Bolsonaro e ex-integrantes de seu governo por tramarem um golpe de Estado no país. Eles são suspeitos dos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
“Ninguém gosta de ficar o tempo inteiro sendo acusado de coisas que não procedem. E todas as acusações vão caindo por terra. Faz mais de quatro anos que a imprensa e o sistema vão para cima dele. Se ele fosse um bandido, estaria preso. Então, infelizmente, é uma perseguição injusta contra o presidente Bolsonaro”, argumenta.
A Polícia Federal afirma que as provas foram obtidas ao longo de quase dois anos, “com base em quebra de sigilos telemático, telefônico, bancário, fiscal”, bem como em “colaboração premiada, buscas e apreensões, entre outras medidas devidamente autorizadas pelo Poder Judiciário”.