No domingo (25), durante um ato na Avenida Paulista, o ex-presidente Jair Bolsonaro reuniu aliados, incluindo os governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo), Ronaldo Caiado (Goiás) e Romeu Zema (Minas Gerais), demonstrando sua força política. Esses aliados, que já têm olhos voltados para as eleições de 2026, provavelmente contarão com o apoio de Bolsonaro, mesmo que ele próprio não possa concorrer, pois está inelegível até 2030.
Enfrentando investigações em curso na Polícia Federal, Bolsonaro convocou seus apoiadores para uma “demonstração de força”, mesmo com a possibilidade de ser implicado nos inquéritos, conforme afirmam os investigadores. Os seguidores bolsonaristas responderam à convocação, lotando a Avenida Paulista no domingo e indicando um comprometimento contínuo com o ex-presidente.
No caso dos governadores Caiado e Zema, ambos no segundo mandato, têm planos de concorrer à presidência em 2026, enquanto Tarcísio, ainda no primeiro mandato, precisará ponderar se vale a pena deixar o cargo para ingressar na disputa presidencial.
“Até então, o que existia era um presidente estimulando seus aliados e apoiadores a defenderem um golpe. Agora, as investigações mostram que ele não só estimulou, mas também participou, é um outro cenário”, diz um ministro do Supremo.
Fala em ato pode ir para inquérito
“Agora, o golpe é porque tem uma minuta de um decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Tenham santa paciência. Golpe usando a Constituição. Deixo claro que estado de sítio começa com o presidente da República convocando os conselhos da República e da Defesa. Isso foi feito? Não. Apesar de não ser golpe o estado de sítio, não foi convocado ninguém dos conselhos da República e da Defesa para se tramar ou para se botar no papel a proposta do decreto do estado de sítio”.
O ex-presidente foi à PF para prestar esclarecimentos sobre o caso à agentes da corporação –mas se manteve em silêncio. No domingo (25), Bolsonaro realizou o 1º ato depois da deflagração da Tempus Veritatis. Ele não mencionou o ministro Alexandre Moraes, do STF.
Planalto: “Ato demonstra força sem efeito”
Apesar de nos bastidores afirmarem que nada substancial mudou, a administração de Lula reconhece que o evento representou uma exibição pública de força por parte de Bolsonaro. Contudo, eles acreditam que o impacto da manifestação se limitará ao âmbito retórico.
Em uma entrevista concedida a jornalistas após um evento no Palácio do Planalto na segunda-feira (26), o ministro da Casa Civil, Rui Costa, seguiu a mesma linha, enfatizando que não houve surpresa quanto ao amplo apelo de Bolsonaro.
Na perspectiva dos governistas, o evento serviu para reavivar o entusiasmo do bolsonarismo, especialmente visando as eleições municipais. Lula já expressou a visão de que o pleito será uma nova disputa direta entre os dois líderes políticos.
Com informações de Tribuna do Norte