Além de sua profissão como professora, Belkis também dá aulas particulares de francês para ganhar um dinheiro extra. No entanto, ela também vende almoços, cachorros-quentes e pães recheados com presunto durante o Natal, além de chicha, uma bebida típica da América Latina feita a partir da fermentação de grãos ou frutas.
O caso de Belkis não é único. Segundo informações da BBC, o baixo salário e as péssimas condições de trabalho estão levando cada vez mais professores na Venezuela a abandonarem a profissão. Estima-se que cerca de 200 mil professores venezuelanos tenham deixado as salas de aula nos últimos anos. Alguns se juntaram aos que emigraram do país, enquanto outros mudaram de profissão.
Esse cenário está causando um esvaziamento das escolas, e os alunos são os mais vulneráveis. Muitas vezes, suas horas de aula são reduzidas e ministradas por pessoas que nem sequer estão qualificadas para isso.
Em janeiro, a cesta básica familiar estava avaliada em US$ 535,63 (aproximadamente R$ 2.678), de acordo com a mesma instituição. Um professor precisaria de quase 25 salários por mês para cobrir essa cesta básica.
Em janeiro passado, Maduro anunciou o aumento do chamado “bônus de guerra econômica” e do ticket de alimentação para o equivalente a US$ 100 por mês (ou R$ 500). No entanto, nem todos recebem esse bônus, pois é necessário ter o “carnê da pátria”, obtido ao se registrar no “Sistema Pátria”, uma entidade que, segundo setores críticos ao chavismo, é um mecanismo de controle da população.
Hoje, esse número pode chegar a cerca de 3 milhões. Além disso, as famílias enfrentam dificuldades econômicas. Belkis lembra de quando trabalhava em uma escola em uma área muito pobre em Antímano, a oeste de Caracas, onde poucas crianças conseguiam trazer lanche, mas ela sempre levava quatro arepas (bolinhos achatados feitos de farinha de milho) prontas para dar a quem não trouxesse.