“Estamos discutindo várias questões na reforma tributária, incluindo quais itens queremos isentar de impostos. Os empresários querem isenção para toda a carne, mas acho que precisamos mediar”, disse o presidente. “Há carnes consumidas por pessoas de alto padrão e carnes que o povo consome. Podemos fazer essa separação. Não vamos taxar o frango, que é o que o povo come todo dia.”
Lula não mencionou a picanha, um dos cortes mais nobres. A promessa de colocar picanha na mesa do brasileiro foi uma das bandeiras de sua campanha eleitoral, mas ele ainda não conseguiu reduzir o custo de vida a ponto de tornar a picanha acessível diariamente.
A entrevista também foi marcada por críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, motivadas pela manutenção da taxa básica de juros em 10,5% ao ano. Lula convocou os empresários do setor produtivo a pressionar o executivo a baixar os juros.
“Eu continuo criticando a taxa de juros. Até acho que não deveria ser o presidente a fazer essa crítica. Houve um tempo em que tínhamos o Emílio de Moraes e o Zé Alencar [ex-vice-presidente da República e ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais], que batiam muito na taxa de juros. Mas é preciso que os empresários do setor produtivo, a CNI, a Fiesp, ao invés de reclamar do governo, façam passeatas contra a taxa de juros, porque são eles que estão tendo dificuldades. São eles que não conseguem crédito, não é o governo”, afirmou Lula.
Para o presidente, o Banco Central “não pode cuidar apenas da inflação”. “O Banco Central precisa manter a taxa de juros a 10,5% quando a inflação está a 4%? O Banco Central leva em conta que as pessoas estão tendo dificuldade em obter financiamento? Não é culpa apenas do Banco Central, mas da estrutura que foi criada. Ou seja, ele não pode se preocupar apenas com a inflação”, concluiu.